Quem apostou em mim

Sabe, meu querido Facebook, hoje para mim será o dia da gratidão, o dia do reconhecimento para com aqueles que apostaram suas fichas em mim durante meus trajetos pessoais e profissionais. Nem todos foram meu amigos, ou melhor, certamente o foram mas não daqueles de se conviver todos os dias, de nos visitarmos, de nos encontrarmos finais de semana, de nos relacionarmos fora do ambiente de trabalho, de sermos compadres um do outro. Mas, amigos com certeza e com mais certeza que acreditaram em meu trabalho, em minha dedicação ou seja lá o que conseguiram perceber de bom e de profícuo em minhas atitudes e em meu trabalho. O primeiro nome que me surge de um colega e amigo, do qual nunca mais tive notícias, embora saiba que, tanto ele quanto a sua querida esposa Cida, estão firmes e fortes. Antonio dos Anjos Branco era o auxiliar de supervisão responsável pelo setor da Cobrança na agência em Campo Grande (MS), onde tomei posse em 06.10.1966. Eram amigos que nos recebiam, a mim, Dayse e meu pequeno filho André Luís em sua casa, para bons papos entre amigos, não só colegas.

Em seguida, quando consegui permutar com um funcionário da agência em Assis (SP), meu anjo da guarda foi o sub-gerente Valdo Stevanato. Graças a ele pude trabalhar e estudar, pois além de me permitir fazer mais duas horas extras, permitiu-me que as fizesse a partir das seis horas da tarde, deixando a parte da manhã livre para eu cursar a Faculdade de Educação Física de Assis. O salário do Ref. 050 mal dava para sobreviver com dignidade e as horas extras permitiram que eu pagasse a faculdade.

Concluída minha faculdade e retornando a Campo Grande, mais três benfeitores em minha vida: João Baptista de Mesquita e Maria Antonieta Medeiros de Mesquita, marido e mulher, professores de Educação Física responsáveis pela criação do curso na Universidade Estadual de Mato Grosso, campus de Campo Grande, que confiaram no meu taco e levaram-me para responder como professor titular das disciplinas de Voleibol e Handebol, com as quais trabalhei oitos, até ser obrigado a deixar a Universidade — que na oportunidade já era Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –, por conta de dispositivo constitucional e também por dificuldades de conciliação entre as minhas atividades de funcionário do Banco do Brasil e professor da UFMS.

Naquela mesma oportunidade, mas agora no Banco do Brasil, outro estimadíssimo amigo que me deu as mãos, que me apoiou e apostou suas fichas em mim: Reinaldo Benjamim Ferreira. E que, até por conta disso, teve sérios aborrecimentos com o gerente da agência de então, um crápula chegado do Maranhão (ou seria do Piauí?). Reinaldo, chefe da Carteira Agrícola da agência, permitiu-me, por conta de meu trabalho da Universidade, realizar por tarefa minhas atividade a agência, o que acontecia a partir do final da tarde e ia até à noite. Como a vida é justa para os competentes, para quem tem mérito, logo meu amigo Reinaldo foi convidado para a chefia de gabinete da Vice-Presidência de Operações, em Brasília. Mais tarde, foi o responsável pela criação e pela primeira administração do Centro Cultural Banco do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda não consegui encontrar, além das qualidades antes mencionadas, alguém tão cavalheiro, um verdadeiro gentlemen, de quem muito me orgulho de ser amigo e admirador.

Antes de deixar a Universidade ainda pude contar com outro colega que apostou suas fichas em mim e no meu trabalho, dando-me grande apoio dentro da agência, deixando a meu cargo os assuntos relativos a programas especiais, como PROPEC e POLOCENTRO. Um novo gerente-geral, Marcílio Tezelli.

Quando deixei a Universidade, não houve outro recurso senão começar a fazer minha carreira dentro do Banco do Brasil, com um bom atraso, por sinal. Abri o mapa do Brasil e a relação de agências e fui marcando no cartão de concorrência todas aquelas que, localizadas em cidades pequenas, ficavam a, no máximo, cem quilômetros do litoral e da capital do Estado. Foram mais de duzentas e quarenta agências, que iam de Aracati, no Ceará, até Torres, no Rio Grande do Sul. Fui nomeado supervisor da Agência e Anadia (AL), oitenta e dois quilômetros de distância de Maceió, a capital, e a sessenta quilômetros da praia (Praia do Francês, no município de Marechal Deodoro, primeira capital de Alagoas). Região de cana-de-açúcar, aprendi muito sobre a cultura ali e sobre usinas e destilarias. Mas as dificuldades eram imensas por conta de escolas para meus filhos. O mais velho teve que ficar em Maceió sozinho, íamos para lá apenas nos finais de semana. Não era bom. Nem para nós nem para o Banco, já que praticamente não convivia com a sociedade local em tudo aquilo que acontecia na cidadezinha nos finais de semana. Mas, minha mulher e eu, aprendemos e ensinamos muito por lá. Realmente valeu a pena.

Um belo dia, por conta do Proálcool, no qual via uma oportunidade para voltar a Campo Grande, envio carta ao superintendente perguntando se ele teria uma vaga para mim, já que acreditava que poderia ajudar com os estudos sobre lavouras de cana e criação de destilarias recebi carta de volta. Recebi telefonema do nosso querido e saudoso Luiz Carlos Nazareth dizendo que já poderia arrumar as malas que minha transferência estava pronta. E, de volta a Campo Grande, na Superintendência Estadual de Mato Grosso do Sul, tive a oportunidade de viver os meus melhores anos na empresa Banco do Brasil, lugar onde tive a felicidade de só fazer amigos e, acredito, de desenvolver um bom trabalho. Esteja onde estiver, meu caro e grande amigo Nazareth, minha eterna gratidão. Ele tinha sensibilidade para perceber os problemas e seus comandados, tanto que, percebendo por um momento difícil por que eu passava, chamou-me à sua sala e perguntou o que ocorria e o que poderia fazer. Eu lhe contei, sem conseguir conter meu pranto, e ele disse-me exatamente assim: – “Vá para casa, passe o tempo que for preciso para resolver este problema que o aflige, e volte quando puder. Depois daremos um jeito na folha de ponto.”

Atire a primeira pedra<< >>Anadia

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